terça-feira, 30 de novembro de 2010

Abnegação


...A Piedade, uma piedade bem sentida, é amor; o amor é devotamento; o devotamento é o esquecimento de si mesmo; e esse esquecimento, essa abnegação em favor dos infelizes, é a virtude por excelência, a que praticou em toda a sua vida o Divino Messias...

O sentimento mais próprio para vos fazer progredir, domando vosso egoísmo e vosso orgulho, o que dispõe vossa alma à humildade, à beneficência e ao amor do próximo, é a piedade! Essa piedade que vos comove até às entranhas, diante dos sofrimentos de vossos irmãos, que vos faz lhes estender mão segura e vos arranca lágrimas de simpatia. Portanto, não sufoqueis jamais em vossos corações essa emoção celeste, não façais como esses egoístas endurecidos que se distanciam dos aflitos, porque a visão da sua miséria perturbaria por instante sua alegre existência; temei permanecer indiferentes quando puderdes ser úteis. A tranquilidade comprada ao preço de uma indiferença culpável, é a tranquilidade do Mar Morto, que esconde no fundo de suas águas o lodo fétido e a corrupção.

Quando a piedade está longe, entretanto, de causar perturbação e o aborrecimento com os quais se apavora o egoísta! Sem dúvida, a alma experimenta, ao contato da infelicidade alheia, e voltando-se para si afeta penosamente; mas a compensação será grande quando vierdes a restituir a coragem e a esperança a um irmão infeliz que se emociona com a pressão da mão amiga, e cujo olhar, ao mesmo tempo úmido de emoção e de reconhecimento, se volta docemente para vós antes de se fixar no céu agradecendo por lhe haver enviado um consolador, um apoio. A piedade é a melancólica mas celeste precursora da caridade, essa primeira virtude, da qual é irmã e cujos benefícios prepara e enobrece. (MICHEL, Bordéus, 1862)

Texto extraído do O Evangelho Segundo o Espiritismo Capítul XX ítem 17 páginas 139 e 140 357° edição.

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