terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

ANJOS DA GUARDA, ESPÍRITOS PROTETORES FAMILIARES OU SIMPÁTICOS






489. Há Espíritos que se ligam a um indivíduo, em particular, para o proteger?
-- Sim, o irmão espiritual; é o que chamais o bom Espírito ou o bom gênio.

490. Que se deve entender por anjo da guarda?
-- O Espírito protetor de uma ordem elevada.

491. Qual a missão do Espírito protetor?
-- A de um pai para com os filhos: conduzir o seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida.

492. O Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde o seu nascimento?
-- Desde o nascimento até à morte, e freqüentemente o segue depois da morte, na vida espírita, e mesmo através de numerosas existências corpóreas, porque essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida do Espírito.

493. A missão do Espírito protetor é voluntária ou obrigatória?
-- O Espírito é obrigado a velar por vós porque aceitou essa tarefa, mas pode escolher os seres que lhes são simpáticos. Para uns, isso é um prazer; para outros, uma missão ou um dever.

493- a. Ligando- se a uma pessoa, o Espírito renuncia a proteger outros indivíduos?
-- Não, mas o faz de maneira mais geral.

494. 0 Espírito protetor está fatalmente ligado
ao ser confiado à sua guarda?
-- Acontece freqüentemente que certos Espíritos deixam sua posição para cumprir diversas missões, mas nesse caso são substituídos.

495. O Espírito protetor abandona às vezes o protegido, quando este se mostra rebelde às suas advertências?

-- Afasta- se, quando vê que os seus conselhos são inúteis e que é mais forte a vontade do protegido em submeter- se à influência dos Espíritos inferiores, mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É o homem quem lhe fecha os ouvidos. Ele volta, logo que chamado.

Há uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos, por seu encanto e por sua doçura: a dos anjos da guarda. Pensar que tendes sempre ao vosso lado seres que vos são superiores, que estão sempre ali para vos aconselhar, vos sustentar, vos ajudar a escalar a montanha escarpada do bem, que são amigos mais firmes e mais devotados que as mais íntimas ligações que se possam contrair na Terra, não é essa uma idéia bastante consoladora? Esses seres ali estão por ordem de Deus, que os colocou ao vosso lado; ali estão por seu amor, e cumprem junto a vós todos uma bela mas penosa missão. Sim, onde quer que estiverdes, vosso anjo estará convosco: nos cárceres, nos hospitais, nos antros do vício, na solidão, nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas do qual vossa alma recebe os mais doces impulsos e ouve os mais sábios conselhos.

Ah, por que não conheceis melhor esta verdade? Quantas vezes ela vos ajudaria nos momentos de crise; quantas vezes ela vos salvaria dos maus Espíritos! Mas, no dia decisivo, este anjo de bondade terá muitas vezes de vos dizer: "Não te avisei disso? E não o fizeste! Não te mostrei o abismo? E nele te precipitaste! Não fiz soar na tua consciência a voz da verdade, e não seguiste os conselhos da mentira?" Ah, interpelai vossos anjos da guarda, estabelecei entre vós e eles essa terna intimidade que reina entre os melhores amigos! Não penseis em lhes ocultar nada, pois eles são os olhos de Deus e não os podeis enganar!

Considerai o futuro; procurai avançar nesta vida, e vossas provas serão mais curtas, vossas existências mais felizes. Vamos, homens, coragem! Afastai para longe de vós, de uma vez por todas, preconceitos e segundas intenções! Entrai na nova vida que se abre diante de vós, marchai, marchai! Tendes guias, segui- os: a meta não vos pode faltar porque essa meta é o próprio Deus.

Aos que pensassem ser impossível a Espíritos verdadeiramente elevados se restringirem a uma tarefa tão laboriosa, e de todos os instantes, diremos que influenciamos as vossas almas embora estando a milhões de léguas de distância: para nós, o espaço não existe, e mesmo vivendo em outro mundo, nossos Espíritos conservam sua ligação convosco. Gozamos de faculdades que não podeis compreender, mas estai certos de que Deus não nos impôs uma tarefa acima de nossas forças, nem vos abandonou sozinhos sobre a Terra, sem amigos e sem amparo. Cada anjo da guarda tem o seu protegido e vela por ele, como um pai vela pelo filho.

Sente- se feliz quando o vê no bom caminho, chora quando os seus conselhos são desprezados.

Não temais fatigar- nos com as vossas perguntas; permanecei, pelo contrário, sempre em contato conosco: sereis então mais fortes e mais felizes. São essas comunicações de cada homem com o seu Espírito familiar que fazem médiuns a todos os homens, médiuns hoje ignorados, mas que mais tarde se manifestarão, derramando- se como um oceano sem bordas, para fazer refluir a incredulidade e a ignorância. Homens instruídos, instrui; homens de talento, educai os vossos irmãos. Não sabeis que obra assim realizais: é a do Cristo, a que Deus vos impõe. Por que Deus vos concedeu a inteligência e a ciência, se não para as repartirdes com vossos irmãos, para os adiantar na senda da aventura e da eterna bem- aventurança? São Luís, Santo Agostinho.

A doutrina dos anjos da guarda velando pelos protegidos, apesar da distância que separa os mundos, nada tem que deva surpreender; pelo contrário, é grande e sublime. Não vemos sobre a Terra um pai velar pelo filho, ainda que esteja distante, e ajudá- lo com seus conselhos através da correspondência? Que haveria de admirar em que os Espíritos possam guiar, de um mundo ao outro, os que tomaram sob a sua proteção, pois se, para eles, a distância que separa os mundos é menor que a que divide os continentes, na Terra? Não dispõem eles do fluido universal, que liga todos os mundos e os torna solidários, veículo imenso da transmissão do pensamento, como o ar é para nós o veículo da transmissão do som?


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Alma Após a Morte



149 Em que se torna a alma logo após a morte?
– Volta a ser Espírito, ou seja, retorna ao mundo dos Espíritos, que havia deixado temporariamente.

150 A alma, após a morte, conserva sua individualidade?
– Sim, nunca a perde. O que seria ela se não a conservasse?

150(a) Como a alma continua a ter a sua individualidade, uma vez que não possui mais seu corpo material?
– Ela ainda tem um fluido que lhe é próprio, tomado da atmosfera de seu planeta e que representa a aparência de sua última encarnação: seu perispírito.

150(b). A alma nada leva consigo deste mundo?
– Nada mais que a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor. Essa lembrança é cheia de doçura ou amargura, de acordo com o emprego que fez da vida. Quanto mais pura, mais compreende a futilidade do que deixa na Terra.

151 O que pensar da opinião de que, após a morte, a alma retorna ao todo universal?
– O conjunto dos Espíritos não forma um todo? Não constitui um mundo completo? Quando estais em uma assembléia, sois parte integrante dessa assembléia e, entretanto, sempre conservais a individualidade.

152 Que prova podemos ter da individualidade da alma após a morte?
– Não tendes essa prova por meio das comunicações que obtendes? Se não fôsseis cegos, veríeis; e, se não fôsseis surdos, ouviríeis, pois muito freqüentemente uma voz vos fala e revela a existência de um ser fora de vós.

Comentário de Kardec. Aqueles que pensam que na morte a alma retorna ao todo universal estão errados, se por isso entenderem que, semelhante a uma gota d’água que cai no oceano, perde sua individualidade. Porém, estarão certos se entenderem por todo universal o conjunto de seres incorpóreos, do qual cada alma ou Espírito é um elemento.

Se as almas não se diferenciassem no todo, teriam apenas as qualidades do conjunto e nada poderia distingui-las umas das outras; não teriam nem inteligência, nem qualidades próprias. Porém, muito ao contrário disso, em todas as comunicações demonstram ter consciência do seu eu e uma vontade própria. A diversidade que apresentam em todas as comunicações é conseqüência da sua individualidade. Se após a morte houvesse somente o que se chama de o grande Todo que absorve todas as individualidades, esse Todo seria uniforme e, então, todas as comunicações do mundo invisível seriam idênticas. Uma vez que lá se encontram seres bons e maus, sábios e ignorantes, felizes e infelizes, e de todas as espécies: alegres e tristes, levianos e sérios, etc., é evidente que são seres distintos. A individualidade torna-se ainda mais evidente quando esses seres provam sua identidade por manifestações incontestáveis, por detalhes pessoais relativos à sua vida terrestre que se podem comprovar. Também não pode ser posta em dúvida quando se tornam visíveis em suas aparições. A individualidade da alma nos foi ensinada em teoria, como um artigo de fé. O Espiritismo a torna evidente e, de certo modo, material.

153 Em que sentido se deve entender a vida eterna?
– É a vida do Espírito que é eterna; porém, a do corpo é transitória e passageira. Quando o corpo morre, a alma retorna à vida eterna.

153 a Não seria mais exato chamar vida eterna à vida dos Espíritos puros, aqueles que, tendo atingido o grau de perfeição, não têm mais provas para suportar?
– Isso é, antes, a felicidade eterna. Porém, mais uma vez, é uma questão de palavras: chamai as coisas como quiserdes, contanto que vos entendais.

Allan Kardec. Da obra: O Livro dos Espíritos. Questões de 149 a 153. Livro eletrônico gratuito em http://www.petit.com.br. Petit. 1999.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Igualdade de direitos do homem e da mulher



817 – O homem e a mulher são iguais perante Deus e têm os mesmos direitos?

-- Deus não deu a ambos o conhecimento do bem e do mal e a faculdade de progredir?

818 – De onde procede a inferioridade moral da mulher em certos países?
-- Do domínio injusto e cruel que o homem assumiu sobre ela. É resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente pouco adiantados, a força faz o direito.

819 – Com que objetivo a mulher, do ponto de vista físico, é mais fraca do que o homem?

-- Para lhe determinar funções especiais. Cabe ao homem, por ser o mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos, o dever de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de uma vida cheia de amargor.

820 – A fraqueza física da mulher não a coloca naturalmente sob a dependência do homem?
-- Deus deu a uns a força para proteger o fraco e não para o escravizar.

Nota:
Deus apropriou o organismo de cada ser às funções que lhe cumpre desempenhar. Se deu à mulher menor força física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e com a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados.

 
-- 821 – As funções a que a mulher é destinada pela Natureza terão importância tão grande quanto as conferidas ao homem?

-- Sim, e até maiores. É ela quem lhe dá as primeiras noções da vida.

822 – Sendo os homens iguais perante a Lei de Deus, devem sê-lo igualmente perante as leis humanas?
-- O primeiro princípio de justiça é este: “Não façais aos outros o que não gostaríeis que vos fizessem”.

822-a – Sendo assim, uma legislação, para ser perfeitamente justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher?
-- De direitos, sim; de funções, não. É preciso que cada um tenha um lugar determinado; que o homem se ocupe do exterior e a mulher do interior, cada um de acordo com a sua aptidão. A lei humana, para ser justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher. Qualquer privilégio concedido a um ou a outro é contrário à justiça. A emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização; sua escravização marcha com a barbárie. Os sexos, aliás, só existem na organização física. Já que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto não há nenhuma diferença entre eles, devendo, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos. 


Texto extraído de O Livro dos Espíritos - Allan Kardec questões de 817 a 822.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

As virtudes e os vícios


893. Qual a mais meritória de todas as virtudes?

- Todas as virtudes têm o seu mérito, porque todas são indícios de progresso no caminho do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências; mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.


894. Há pessoas que fazem o bem por um impulso espontâneo, sem que tenham de lutar com nenhum sentimento contrário. Têm elas o mesmo o mérito daquelas que têm de lutar contra a sua própria natureza e conseguem superá-la?

- Os que não têm de lutar é porque já realizaram o progresso: lutaram anteriormente e venceram; é por isso que os bons sentimentos não lhes custam nenhum esforço e suas ações lhes parecem tão fáceis: o bem tornou-se para eles um hábito. Deve-se honrá-los como a velhos guerreiros que conquistaram suas posições. Como estais ainda longe da perfeição, esses exemplos vos espantam pelo contraste e os admirais tanto mais porque são raros. Mas sabei que, nos mundos mais avançados que o vosso, isso que entre vós é exceção se torna regra. O sentimento do bem se encontra por toda parte e de maneira espontânea, porque são mundos habitados somente por bons Espíritos e uma única intenção má seria neles uma exceção monstruosa. Eis porque os homens ali são felizes. E assim será também na Terra, quando a Humanidade se houver transformado e começar a praticar a caridade na sua verdadeira acepção.


895. À parte, os defeitos e os vícios sobre os quais ninguém se enganaria, qual é o indício mais característico da imperfeição?

- O interesse pessoal. As qualidades morais são geralmente como a douração de um objeto de cobre, que não resiste à pedra de toque. Um homem pode possuir qualidades reais que o fazem para o mundo um homem de bem; mas essas qualidades, embora representem um progresso, não suportam em geral certas provas, e basta ferir a tecla do interesse pessoal para se descobrir o fundo. O verdadeiro desinteresse é de fato tão raro na Terra que se pode admirá-lo como a um fenômeno, quando ele se apresenta. O apego às coisas materiais é um indício notório de inferioridade, pois quanto mais o homem se apega aos bens deste mundo, menos compreende o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, ele prova que vê o futuro de um ponto de vista mais elevado.

Texto extraído do Livro dos Espiritos  compilados e ordenados por Allan Kardec - Questões 893, 894, 895.